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30 de mai. de 2014

Corpo humano na arte - Egito

Seguindo na busca pelos motivos que nos levam a representar o corpo humano de forma irreal, nossa próxima parada é no Egito, 5.000 aC.
Túmulo de Ramsés VI – O barco solar

30/maio/2014

História da Arte
A representação do corpo humano – Parte 2
O corpo humano representado pelos egípcios

Egípcios

Grande transformação climática forçou o povo que criou a Vênus de Willendorf, e seus contemporâneos, a migrarem em busca de água. Um daqueles grupos foi dar às margens do rio Nilo, iniciando a Civilização Egípcia.
O Nilo proporcionou àquele povo água abundante e consequente estabilidade agrícola. Ao se fixarem a terra, criaram um sistema organizado de governo, estrutura social [rígida] e o centro de sua arte foi a representação exaustiva do corpo humano.

O instinto gaivota

Resta perguntar se após essa transformação o instinto gaivota, do exagero e da desproporcionalidade na representação do corpo humano, proposto pelo prof. Ramachandran [veja Parte 1 - Vênus de Willendorf], sobreviveu no mundo egípcio. 
A tumba de Ramsés VI é decorada com milhares de imagens humanas. Mas, diferentemente da Vênus, não há exageros e desproporcionalidades, ao contrário, as imagens são bem proporcionais, o que nos leva a concluir que o instinto gaivota não sobreviveu no Egito. 
No entanto, ainda assim, as representações egípcias não são reais. Algo as tornam diferentes. Seria, então, possível encontrar a resposta para nossas atuais imagens irreais do corpo humano nesse povo tão distante no tempo?
 Interior da tumba de Ramsés VI

Representação egípcia do corpo humano

Os egípcios mantinham a proporcionalidade do corpo humano. Ao representá-lo tratavam cada parte como se fosse única, mostrando cada uma delas em seu melhor ângulo. É como se a imagem fosse observada de vários pontos ao mesmo tempo.
As figuras na cena são identificadas na inscrição como: Horus, o filho de Isis (Harsiese); rei Menpehtyre Ramsés I; Atum-Senhor das duas Terras e de Heliópolis; e, Neith, a Grande, Mãe de Deus e Senhora dos Céus

Observando a imagem, podemos perceber que:

  • o busto é feito de frente, dos ombros às ancas; 
  • o rosto é sempre representado de perfil, de maneira que se perceba claramente o nariz e uma das orelhas; 
  • os olhos são vistos de frente; os braços podem aparecer lado a lado, ou ao lado do corpo; 
  • as mãos, grande parte das vezes, são exibidas espalmadas, tendo todos os dedos o mesmo comprimento; 
  • as pernas estão também de perfil e quase não se diferenciam dos pés; 
  • os pés, por estarem de lado, apresentam somente o primeiro dedo e, muitas vezes, nem esse. 





O mais interessante das imagens humanas egípcias é que não se alteraram por um período de aproximadamente 3.000 anos “e, por todo esse tempo, esta foi a única imagem do corpo que se via”.

Imagens das representações egípcias do corpo humano




Razão para as imagens humanas egípcias

Alguma razão muito forte deve justificar a permanência desse tipo de representação durante tantas gerações.
Uma tumba vem em nossa salvação! Não uma tumba famosa, de um faraó, mas a de um sacerdote chamado Ramose. 
Ramose não teve sua tumba concluída e isso permitiu que, numa das paredes inacabadas, fossem percebidas pelos arqueólogos algumas linhas vermelhas em forma de grade sobre o reboco. Ao analisá-las, observaram alguns detalhes bastante interessantes: 
  • a figura tinha 19 quadrados de altura;
  • o pé tinha 2,5 quadrados de comprimento;
  • a pupila do olho estava a um quadrado da linha central. 
Ao aplicarem a mesma grade a outras imagens... Bingo! Encaixavam-se perfeitamente. Esta aí a razão para que as imagens humanas egípcias fossem tão absolutamente inalteradas por tanto tempo: técnica! 
Na verdade, o que se percebe é que não se desejou alterá-las. Foi uma ação consciente de uma sociedade aferrada a seus costumes, tradições e todos os seus valores culturais, principalmente ordem e hierarquia.
Partindo dessa descoberta, observamos que em tudo o que foi realizado por esse povo [pirâmides, estátuas, obeliscos etc.], há essa ordem e hierarquização. 



Justificativa para nossa atual representação irreal do corpo humano?

Daí concluirmos que os egípcios não criaram essas imagens por condicionamentos cerebrais, mas em nome de sua cultura.
Seria essa seja a resposta que procuramos? O que nos faz representar atualmente o corpo humano de forma tão irreal é nossa cultura?
Talvez. Mas, certamente essa é apenas parte de nossa resposta, ainda falta alguma coisa. Quem sabe na Grécia encontremos o que nos falta? Assunto para um próximo post. Acompanhe!

Veja também: Corpo humano na arte – Vênus de Willendorf 
Fontes: BBC

ABBÇos

Um comentário:

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